Volta e meia estou caída no Parque Nacional Peneda-Gerês. Adoro visitar o Gerês. Mas a descoberta é interminável. Há muito para conhecer na serra (e para comer), quer em termos de património humano, quer em termos de património natural. E ainda que volte lá com frequência, sinto que há um mundo para conhecer e que ainda só toquei a pontinha do iceberg.

Hoje trago-vos um pouco do património humano, ou seja, algumas das povoações e monumentos que há a conhecer por lá. Visitar o Gerês é também visitar a zona do Parque Nacional que é habitada há milénios. Existem dolmens, vestígios da época romana e da era medieval. Há por isso muitas aldeias e lugares remotos a serem descobertos…

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Para começar, o Parque Nacional Peneda-Gerês contempla não uma, nem duas, mas sim 4 serras:a Serra do Gerês, a Serra Amarela, a Serra do Soajo e a Serra da Peneda. É muita serra para palmilhar.

O parque nacional têm uma área de 70 mil hectares (700km2) e estende-se pelo Minho e Trás-os-Montes, nos distritos de Braga, Viana do Castelo e Vila Real. É um dos pontos turísticos mais importantes de Portugal e é considerado Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO. Ufa. Para vos ajudar a visitar algum do património humano do Parque Nacional Peneda-Gerês, sigam este guia. Garanto que não se perdem!

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1 – Castro Laboreiro

A vila de Castro Laboreiro fica em plena Serra da Peneda, na zona norte do parque nacional. Com apenas cerca de 500 habitantes, é o segundo lugar habitado mais elevado em Portugal, a 1166 metros de altitude. E uma povoação obrigatória a visitar no Gerês!

Nas imediações existe um belo conjunto de pontes de herança romana que foram aproveitadas na era medieval e algumas delas continuam hoje de pé. É também um local com interesse arqueológico, sendo que existem gravuras rupestres e cerca de 62 monumentos funerários.

Localizada num belíssimo planalto, não se esqueçam de subir às ruínas do castelo para apreciar uma vista única da Serra da Peneda. A raça de cão de Castro Laboreiro é também desta zona. E é a raça de cão mais fixe de sempre, que eu já tive dois belos exemplares..!

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2 – Ponte Nova ou Ponte da Cavada Velha

A cerca de 3kms de Castro Laboreiro, fica a Ponte Nova, uma ponte romana, constituída por 1 arco pequeno e 1 arco grande, o que lhe dá um ar algo assimétrico. Esta ponte é do século I, o que significa que tem 2000 anos! Atrevam-se a passar por cima…

Nesta localização, o rio Castro Laboreiro forma algumas lagoas, propícias a um mergulho no pico do verão!

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3 – Santuário de Nossa Senhora da Peneda

Já viram esta escadaria em qualquer lado? Não se admirem. Este santuário do século XVIII é uma réplica da Nossa Senhora do Bom Jesus, em Braga.

A escadaria representa as virtudes humanas, sendo que existe ao longo da subida uma estátua dedicada a cada uma delas: Fé, Esperança, Caridade e Glória. E, claro, lá em cima há mais uma panorâmica da serra. Todos os anos, na primeira semana de setembro, realiza-se aqui, no Santuário de Nossa Senhora da Pena, um arraial popular.

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Fonte: Cidónio Rivaldi

4 – Soajo

O Soajo, que fica logo no início do parque nacional, é conhecido principalmente pelo conjunto de 24 espigueiros, todos em pedra e assentes num afloramento de granito. O mais antigo data de 1782, e alguns destes espigueiros são ainda utilizados pelos locais. Os espigueiros assemelham-se a túmulos, mas, na realidade, são instalações elevadas para a secagem e armazenagem do milho.

Se estiver por esta zona, pergunte também pelas lagoas do Soajo, que se formam junto ao rio Adrão e que são o momento ideal para uns minutos de descanso e um mergulho.

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Autoria da Fotografia: André Alves

5 – Lindoso

Já quase na fronteira com Espanha e bastante isolada, fica a aldeia de Lindoso. É conhecida pelo castelo de Lindoso, construído no reinado de D. Afonso III, no século XIII, na margem esquerda do rio Lima.

Os espigueiros de Lindoso são também conhecidos, sendo que existem mais de 50 na povoação. Nas imediações, em Parada, existe também o Trilho dos Moinhos de Água, onde podem dar um mergulho no Poço da Gola.

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Fonte: Bruno, Olhares.sapo.pt

6 – Pitões das Júnias

Sendo também uma das aldeias mais elevadas de Portugal (a 1103 metros de altitude), Pitões das Júnias fica no planalto da Mourela, na Serra do Gerês. O monumento mais importante a visitar são as ruínas do Mosteiro de Santa Maria das Júnias, que data do século XII. Está num vale estreito, de difícil acesso, e longe dos lugares habitados.

Mosteiro de Santa Maria das Júnias

Fonte: abrigosdepintoes.com

7 – Ponte da Mizarela

A ponte sobre o rio Rabagão une as freguesias de Ruviães e Ferral, desde a idade Média. Tem um único arco, de 13 metros de comprimento, mas não é isso que a distingue. Conta a lenda que a ponte foi erguida pelo diabo, quando um malfeitor da zona, perseguido por vários crimes, invocou o diabo para que o ajudasse…

‘Faz-me transpor o abismo e dou-te a minha alma’, disse-lhe. E o diabo veio em auxílio do patife e é por isso que hoje os mais afoitos podem passar o rio.

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Fonte: serradogeres.com

8 – Geira Romana

A antiga via romana que ligava Bracara Augusta (hoje, Braga) a Asturica Augusta (hoje, Astroga, em Espanha), atravessava as terras que hoje pertencem ao Parque Nacional Peneda-Gerês. A Geira Romana – também chamada Via Nova – percorria mais de 300kms, mas hoje é aqui, em Terras de Bouro, que se encontra o troço mais bem preservado (mais de 30kms) e que pode ser percorrido a pé durante um longo dia. Se quiserem ir nesta aventura, leiam aqui um guia completo.

Apesar da Geira ser património humano, este é um claro caso em que se confunde com a natureza. O troço mais bem conservado da Via Nova fica em plena Mata da Albergaria, um carvalhal maravilhoso em estado selvagem. A mata segue ao longo da margem esquerda da albufeira de Vilarinho de Furnas e é uma das caminhadas mais místicas que se pode fazer… principalmente no Outono! Um ponto obrigatório a visitar no Gerês!

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9 – Vilarinho das Furnas

A aldeia de Vilarinho das Furnas ficou submersa após a construção da barragem de mesmo nome, em 1972. Mas quando as águas da barragem ficam em baixo, ainda se podem ver as casas, os muros e os caminhos da antiga aldeia.

Junto à barragem, na margem esquerda, existe também um caminho de acesso (a pé) a uma pequena praia fluvial, lá em baixo. É o local ideal para os mais friorentos darem um mergulho, já que as águas costumam ser bem mais quentes que as cascatas do Gerês…

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10 – Santuário de São Bento da Porta Aberta

Fundado em 1615, o santuário foi convertido em basílica em 2015 e recebe cerca de 2,5 milhões de peregrinos todos os anos. O que é um grande feito para uma ermida situada num lugar remoto como Rio Caldo, em Terras de Bouro. O seu nome deriva de ter sempre as portas abertas para todos os visitantes e viajantes.

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Fonte: website da ermida de São Bento da Porta Aberta

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Querem saber mais sobre o Parque Natural da Peneda-Gerês? Querem visitar o Gerês? Leiam também a brochura do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Para pesquisarem alojamento, utilizem o Booking.com para o Gerês, é fiável e tem uma grande oferta a preços muito competitivos (é o que costumo utilizar nas minhas viagens).

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Chamo-me Diana.Gosto de ler, gosto de escrever e tenho ganho o gosto de viajar. Decidi juntar as histórias acumuladas neste espaço e chamei-lhe Contramapa. Porque nas contracapas dos meus livros existe sempre um mapa, um sítio onde ir, um local a descobrir. Aqui podem conhecer as minhas histórias e viagens em livro aberto.

15replies
  1. Martinha
    Martinhasays:

    Cada vez me fascino mais e mais por estes posts de Portugal.
    Estive no país pela primeira vez mês passado, mas amei muito que já quero voltar para conhecer mais cidades encantadoras do país.
    beijos =)

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  2. Karine Porto
    Karine Portosays:

    Quanto lugar lindo!!! Não me canso de admirar as belezas de Portugal. Preciso explorar essas maravilhas! Muito obrigada por compartilhar essas dicas incríveis, já farei planos de ir a Portugal em breve!! 🙂

    Responder
  3. Pedro Henriques
    Pedro Henriquessays:

    Para mim o Gerês é o local mais fabuloso de Portugal! Já passei muitas aventuras por lá e conheço todos os locais que mencionaste. A melhor recordação que tenho foi uma travessia que fiz da Portela do Homem a Pitões das Junias em 4 dias…simplesmente memorável.

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  4. Luiz Franqueira
    Luiz Franqueirasays:

    Já foste ao Alto da Pedrada, na serra de Soajo, Diana? Se ainda não foste, vai e escreve o que sentires. Mas não vás sozinha. Tenho a certeza que vais ficar a conhecer melhor o Parque e continuar a informar as pessoas que, do seu lado ocidental, há a serra de Soajo.

    Responder

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