Muitas vezes esquecemo-nos desta regiao de Portugal. Fica no extremo norte do pais, no interior isolado e remoto. Contudo, ha muito para descobrir por Tras-os-Montes. Estive por la uns dias e descobri varias coisas sobre a regiao. Hoje trago-vos 10 curiosidades sobre Tras-os-Montes.
1 – Terra Fria e Terra Quente
A regiao esta dividida entre Terra Fria e Terra Quente. A Terra Fria corresponde a regiao nordeste transmontana, que inclui Braganca, Vinhais, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro. Ja a Terra Quente corresponde aos concelhos de Alfandega da Fe, Carrazeda de Ansiaes, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Valpacos e Vila Flor. Esta e uma divisao puramente morfologica. Enquanto que na Terra Fria temos os campos povoados de castanheiros, na Terra Quente ha principalmente oliveiras.
2 – As Amendoeiras em Flor
As amendoeiras em flor sao a imagem de marca dos Tras-os-Montes na Primavera. No inicio de marco, os campos pintam-se de rosa e branco. Existem, ate, algumas festas da amendoeira em flor, que celebram a chegada das temperaturas mais amenas em Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Flor. Para quem prefira o comboio, a CP – Comboios de Portugal organiza nos sabados de marco passeios por esta regiao, com partida do Porto. Vejam aqui.
3 – Azeite do Melhor que ha
Apesar de associarmos as oliveiras ao Alentejo, na Terra Quente transmontana produz-se algum do melhor azeite do mundo. Ha varias marcas de azeites desta regiao premiados, incluindo o azeite da Casa de Santo Amaro, Porca de Murca e de Joao das Barbas. O azeite transmontano ja tem certificacao DOP (Denominacao de Origem Protegida) e aqui sao produzidos anualmente 100 milhoes de quilos de azeitona.
4 – Os Mascarados transmontanos
A cultura viva de Tras-os-Montes e muito rica. Uma dos simbolos da regiao sao os mascarados, que podem ser Caretos, Chocalheiros, Secias, Farandulos, entre outros.
Uma das festividades dos mascarados e a Festa dos Rapazes, onde apenas membros do sexo masculino ate aos 16 anos podem participar. De origem paga, este culto esta associado ao solsticio de inverno, mas foi adaptado e integrado pelo Cristianismo. Hoje, as festas decorrem principalmente entre 25 de dezembro e 6 de janeiro. E dada a alvorada de manha, com canticos acompanhados de gaita-de-foles e tambores e, depois, os mascarados passeiam-se pelas povoacoes, recolhendo dinheiro para a igreja. Vejam a Agenda das festas de inverno 2017.
Outra das festividades associadas aos mascarados e a Festa dos Caretos, de origem celta. Muito semelhante as festas dos rapazes, este culto esta associado ao fim do inverno e e celebrado no dia Carnaval. Desta vez, os protagonistas sao os rapazes solteiros, que se passeiam pelas povoacoes criando algazarra com os seus trajes excentricos, as campainhas e os guizos.
5 – O pelourinho pagao de Braganca
O pelourinho junto ao Castelo de Braganca e um elemento catolico da epoca quinhentista (dado que o segundo foral da cidade foi outorgado por D. Manuel). Mas sera apenas isso? Na base deste pelourinho ha um elemento que parece destoar… E que foi colocada uma estatua paga bem mais antiga para suportar o pelourinho. Se olharmos com atencao, assemelha-se a um porco perfurado, representando a fertilidade masculina. Os locais chamam-se a “porca da vila“.
6 – O primeiro monumento civil em Portugal
Junto ao castelo Braganca, persiste o Domus Municipalis, edificio circular do seculo XV com dois andares. No piso de baixo ficava a cisterna da agua e no piso de cima a comunidade da cidade reunia-se para tomar decisoes.
Devido a distancia da capital real, aqui as decisoes eram tomadas pelos “homens bons”, aqueles que tinham terrenos e aqueles que eram considerados de grande sabedoria. A populacao reunia-se aqui para resolver os problemas da cidade e o povo aguardava. Existem ate dentro do edificio dois jogos-do-galo gravados na pedra, com que o povo se entretinha a espera da decisao.
7 – O casamento secreto de D. Pedro e D. Ines de Castro
Diz-se que D. Pedro e D. Ines Castro se casaram em Braganca em segredo. O casamento nunca ficou provado, mas tera ocorrido na igreja de S. Vicente, fora das muralhas da cidade. Se dermos a volta a igreja, encontramos o painel de mosaico em homenagem aos amores proibidos do monarca e sua amante.
8 – Os castelos comunicantes
Existem 6 castelos visitaveis na regiao de Tras-os-Montes: Algoso, Braganca, Miranda do Douro, Mogadouro, Penas Roias, Vinhais. Todos estas fortificacoes sao bastante antigas e remontam a fundacao de Portugal (seculo XII – XIII), apesar de terem sido reabilitadas ao longo dos seculos. Para mim, o mais belo e o castelo de Algoso, construido no topo de um rochedo, que parece fazer parte do edificio.
A curiosidade em relacao a estes castelos e que, num dia limpo de sol, cada um e avistado por outro, existindo uma especie de linhas comunicantes entre eles. Na epoca medieval, esta proximidade servia para que as diferentes fortificacoes se conseguissem alertar em caso de perigo.
9 – Aqui o sol nasce mais cedo
Em Tras-os-Montes fica a povoacao onde o sol nasce mais cedo: Paradela. O ponto mais oriental portugues fica nesta aldeia transmontana. Para apreciar o pôr-do-sol mais matutino de Portugal, basta dirigirem-se ao Miradouro da Penha das Torres, nesta freguesia. Vao ter uma vista incrivel sobre o rio Douro e o espaco tem ainda um parque de merendas onde podem tomar o pequeno-almoco.
10 – Rio de Onor, a aldeia Comunitaria
Rio de Onor foi recentemente eleita uma das 7 aldeias maravilha de Portugal. Aqui, ainda sobrevivem os resquicios do comunitarismo medieval. Anualmente, sao eleitos 2 mordomos que distribuirem o trabalho pelos habitantes da aldeia e fazem a gestao dos bens comuns: os terrenos, o gado e das infra-estruturas. Os produtos e o lucro sao depois distribuidos entre todos.
Gostaram do artigo? Leiam tambem o artigo sobre o Parque Natural de Montesinho e o artigo sobre Rio de Onor. Reservem alojamento de forma segura em Tras-os-Montes aqui. Se gostaram de artigo, podem seguir o Facebook do Contramapa, o Instagram e o Twitter.
Parabens pelo artigo. Porem, entre os castelos de Algoso e de Braganca, interpunha-se ainda o castelo de Outeiro a que nao vi referencia no texto.
Ola Antonio, Obrigada pelo comentario!
Realmente nao coloquei o castelo de Outeiro, apesar de fazer parte destes castelos que em tempos estavam “ligados”. A questao e que o castelo de Outeiro encontra-se em ruinas e a mencao que faco no texto e apenas para os “visitaveis”.
Ola Boa Noite,
Gostamos imenso dos seus artigos.O nosso ” Solar das Arcas ” foi o primeiro a aderir a pratica de Turismo de Habitacao em Tras os Montes.Se tiver interesse, gostariamos que fizesse uma reportagem sobre a nossa casa,visto a mesma ser um testemunho multifacetado de Tras os Montes.Casas com historia.M. Cumprimentos,
Maria Francisca Pessanha
Ola Maria Francisca!
Obrigada pelo comentario e pelas palavras simpaticas! Infelizmente nos proximos tempos nao estou a pensar ir a Tras-os-Montes, mas se calhar no futuro possamos fazer qualquer coisa, se se enquadrar em algum artigo.. ���
Lamento desaponta-la, mas os “Pauliteiros” nao sao nenhuma especie de mascarados. E essa de atribuir a “paternidade” dos Caretos aos celtas tambem tem muito que se lhe diga…
Nao desaponta nada que o importante e ter as coisas corretas por aqui… ���
Em relacao aos Pauliteiros, encontrei varias referencias nos media que os descreviam como uma especie de mascarados, ainda que sejam bastante diferentes dos caretos e nada tenham a ver com estas festas. Contudo e para nao gerar confusao, vou retirar a referencia.
Em relacao aos celtas, existem varios historiadores que atestam que a tradicao dos mascarados (e dos pauliteiros) advem ou tem influencias celtas… acho que e ate de conhecimento publico!
Olhe que nao. Os celtas podem ser culpados de muita coisa, mas dessa paternidade serao forcosamente absolvidos. Mas, isso e tema para encher uma tertulia inteira e nao cabe certamente numa caixa de comentarios.
Sr. Mirandum! Nao basta dizer so “olhe que nao”, se esta certo que nao teremos nada a ver com celtas, esclareca-nos. Seremos judeus , arabes, africanos ou neandertais. Uma coisa temos a certeza existiram os celtiberos ou sera que tambem vai dizer “olhe que nao”.
Obrigado pela reportagem e por falar desta terra magica que e Tas-os-Montes, para que toda a gente a conheca!
Descobri o blog hoje com um post seu no mochileiros.
Sou brasileiro,nao entendo bem seu pais,por isso nao entendi o post de numero 2,quando fala amendoeira em flor e um passeio com comboio de Portugal.So tem esse tipo de passeio em marco,para ver isso?Ou seria todo o ano com outras alternativas?
Ola Fabiano! Bem-vindo ao Contramapa! O passeio e tour das amendoeiras em flor e so mesmo em Marco, e e organizado pelos comboios de Portugal (https://www.cp.pt/passageiros/pt/como-viajar/em-lazer/cultura-natureza/rota-amendoeiras) mas pode sempre organizar um passeio pela regiao, comprando os bilhetes individualmente ate ao Pocinho, durante todo o ano. Essa regiao do Douro e muito bonita!
Gostei muito do artigo. Nao sou transmontana, mas amo Tras-os Montes. E pena que quem critica nao faca melhor! Terra Magica ! Grandiosa e violenta. Um mundo maravilhoso!
Obrigada Palmira!!