dicas couchsurfing

Já ouviram falar em viagens com alojamento gratuito? De experiências de amigos que ficaram a dormir no sofá de um desconhecido? De estranhos que se oferecem para mostrar o que de melhor tem a sua cidade?

Bom. É tudo verdade. E tudo um bocadinho redutor, também. Portanto, vamos lá.

(Leiam também as Dicas para Fazer Couchsurfing.)

o que é couchsurfing

O que é o Couchsurfing?

O Couchsurfing é uma comunidade online – uma rede social – que permite que cada um crie o seu perfil e disponibilize o seu sofá, colchão insuflável ou quarto de hóspedes a outros membros da comunidade, de forma gratuita.

O Couchsurfing foi criado em 2003 sob o espírito da troca de experiências, criação de laços de amizade e promoção de multiculturalidade e “dar sem esperar nada em troca”. Tem crescido ao longo dos anos e vai sustentando a esperança de que existe bem no mundo. Porque se todos abríssemos a porta a um estranho, este mundo seria muito melhor.

A plataforma conta hoje com 8 milhões de membros (ativos e inativos) em 100.000 cidades. Fantástico, não é? Os países que apresentam maior número de membros encontram-se na América do Norte e Europa ocidental, nos países ditos mais desenvolvidos. Existem muitos amigos e casais que partilham esta experiência, mas o Couchsurfing é o meio predilecto para os solo travelers novatos, ou seja, para quem faz uma primeira grande viagem sozinho mundo fora.

Como funciona o Couchsurfing?

Para começar a utilizar o Couchsurfing basta criar um perfil na plataforma… e é altamente recomendável que seja um perfil completo que espelhe a nossa personalidade e preferências. Se queremos fazer Couchsurfing, temos de criar confiança no outro.

Quando criarem o perfil, tenham especial atenção às fotografias que escolhem. Se vão ficar em casa de um estranho, provavelmente essa pessoa vai querer ter uma ideia bem clara do vosso aspecto e, pelas fotografias, vai tentar perceber a vossa personalidade. Portanto, escolham fotografias que espelhem a imagem que querem passar de vocês mesmos.

Finalmente, a parte mais importante do Couchsurfing é o sistema de referências, que é o mecanismo que permite criar relações de confiança online, quer estejas a alojar ou a ser alojado. Portanto, depois de terem o vosso perfil completo, falem com amigos que já estejam inscritos na plataforma e peçam-lhes referências no site.

E… pronto. Agora estão preparados para navegar e descobrir couchsurfers para vos acolherem ou para receberem pedidos de outros membros. Para procurarem couchsurfers onde possam ficar cliquem em “Find Hosts” em cima (onde diz Explore) e coloquem a cidade para onde vão viajar.

Mas tenho mesmo de receber pessoas ou ficar em casa de alguém?

Não. O Couchsurfing é muito mais do que isso. É uma comunidade de apaixonados por viagens e por experiências. Uma comunidade de “animais sociais” (ou nem tanto) que adoram conhecer pessoas de outras culturas, que falam outros idiomas, ou que simplesmente pensam de forma diferente!

Se não podem alojar ninguém e não estão a viajar, podem sempre colocar o estado de perfil como “Wants to Meet Up”. Em vez de terem alguém a dormir em vossa casa, ficam apenas disponíveis para mostrarem a cidade a um viajante de outras paragens.

A comunidade de couchsurfers funciona também através de Grupos. A plataforma tem diferentes fóruns onde os amantes do Couchsurfing organizam encontros periódicos: quer para conhecer outros viajantes, quer para conhecer residentes da cidade. Por exemplo, em Lisboa existe um encontro semanal, sempre no mesmo local.

Vantagens de Fazer Couchsurfing

  • A vantagem mais óbvia é a gratuitidade. Ninguém vos vai cobrar alojamento. Claro que podemos querer ser simpáticos e trazer uma pequena lembrança, mas isso está sempre do nosso lado.
  • Muito provavelmente, quem vos aloja vai vos dar dicas sobre a cidade e provavelmente vai querer até mostrá-la. Com o Couchsurfing, muitas vezes deixamos de nos sentir turistas numa caça ao tesouro dos pontos do guia, e começamos a aproveitar a cidade como se vivêssemos nela. E é a maior vantagem.
  • Conhecemos pessoas fantásticas. Mesmo. Porque quem está disposto a abrir a porta a um estranho (ou quem fica em casa de um estranho), tende a ser uma pessoa de espírito aberto e com histórias mirabolantes para contar. Fazem-se amigos. Conhecemos outras pessoas. Outros mundos. E não é esse o objetivo de quem viaja?
  • Surpresas acontecem. E quando fazemos Couchsurfing, mais surpresas acontecem. E isso só pode ser uma coisa boa. Quer sejam surpresas com as pessoas que conhecemos, lugares novos que não estávamos à espera de visitar ou novos sabores que não sabíamos que iríamos provar.

Desvantagens de Fazer Couchsurfing

  • Ora, a minha avó sempre me disse “não sorrias a estranhos”. Imaginem o que ela pensaria se lhe dissesse que não só iria sorrir a um estranho, como também iria deixá-lo ficar a dormir no sofá. A segurança é uma das grandes desvantagens do Couchsurfing. Apesar dos perfis completos e do sistema de referências, nós não conhecemos quem está do outro lado da porta. E isso é sempre um risco. E temos de estar preparados para o assumir.
  • Há quem confunda o Couchsurfing com Sexsurfing. Uma espécie de Tinder em viagem. Principalmente se estiverem a viajar sozinho e ficarem em casa de alguém do sexo oposto, o anfitrião poderá tentar… meter-se com vocês. Pode ser algo subtil, ou algo mais claro. O importante é: não façam nada com que não se sintam confortáveis. O Couchsurfing é uma plataforma de troca de experiências e não de sexo. Se viajam em casal ou com um amigo, é muito pouco provável que este tipo de situações ocorram. Mas se viajam sozinhos e não querem que qualquer tipo de situação constrangedora aconteça, fiquem com alguém do mesmo sexo.
  • Terão de aceitar o que vos dão e não esperem grandes confortos. Nem um elevado nível de privacidade. O vosso hóspede dá-vos aquilo que tem e a mais não é obrigado. Pode calhar-vos um sofá pequeno numa sala sem cortinados, um colchão de ar numa zona de passagem, ou mesmo apenas um conjunto de mantas no chão.
  • Terão de cumprir as regras da casa. Tudo o que o vosso anfitrião vos diga, é para cumprir. Isto pode significar ter de acordar cedo para sair com o anfitrião, não ter acesso à cozinha, estar em casa a determinada hora, ou outra regra qualquer.

A minha experiência com Couchsurfing ou “afinal, porquê surfar no sofá?”

Eu fiz Couchsurfing em dois grandes momentos da minha vida. Durante o meu interrail no verão de 2010 e durante a minha viagem aos Estados Unidos no verão de 2015. Entre estas datas também recebi vários couchsurfers em casa.

Alguma vez tive algum tipo de receio? Não.

Só conheci pessoas com as quais me identifiquei a 100%? Não, nem nunca é esse o objetivo.

Só conheci pessoas fantásticas? Sim, sem dúvida, e com muitas histórias para contar.

Em 2010 o Couchsurfing fez com que Budapeste, Liubliana e Munique se tornassem algumas das minhas cidades preferidas na Europa. Sem os couchsurfers, não teria conhecido as histórias tradicionais das cidades, não teria conhecido os melhores bares nem me teria sentido tanto em casa. E não teria alugado uma casa junto ao lago Balaton, ideia que tivemos com outras couchsurfers que alinharam connosco. Nem teria subido ao topo do teatro de Munique à noite, só porque sim. E uma das minhas amigas não teria arranjado namorado.

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2010 – O Mathias decidiu aceitar receber 7 couchsurfers no mesmo dia. Resultado: Ele e a namorada tiveram de dormir no chão da entrada da casa.

Em 2015, a experiência foi semelhante. Em São Francisco fiquei em casa da Aili, que eu já tinha alojado em Lisboa. E foi como reencontrar uma velha amiga. Nunca poderia ter conhecido (nem adorado tanto) esta cidade sem a ajuda dela. E talvez não tivesse amado Chicago como amei sem a hospitalidade do Gabi, que é um verdadeiro old soul. E os museus de Washington teriam sido bem mais enfadonhos sem o Tiago.

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2015 – Eu e a Aili na Praia da Ribeira dos Cavalos, em Sesimbra.

E não. Não tem nada a ver com alguém nos dar um chão para dormir de borla. Tem a ver com rirmos juntos dos hábitos dos hippies de São Francisco e encontrar pormenores deliciosos, tem a ver com chegar a casa depois de um dia de caminhada e ter alguém para partilhar um copo de vinho ou descobrir uma nova banda preferida no Spotify do nosso anfitrião.

E isso, isso não tem preço.

(Pareço um spot publicitário, não pareço?)

Gostaram da publicação? Leiam também as Dicas para Fazer Couchsurfing. Podem acompanhar o Contramapa no Facebook, Instagram e Twitter.

Chamo-me Diana.Gosto de ler, gosto de escrever e tenho ganho o gosto de viajar. Decidi juntar as histórias acumuladas neste espaço e chamei-lhe Contramapa. Porque nas contracapas dos meus livros existe sempre um mapa, um sítio onde ir, um local a descobrir. Aqui podem conhecer as minhas histórias e viagens em livro aberto.

6replies
  1. Catarina
    Catarinasays:

    Neste momento estou em modo “Wants to Meet Up” e já me encontrei com pessoas que passaram por Lisboa. Ainda não recebi ninguém nem fiquei em casa de outros, mas tenho muita curiosidade. Deve ser uma experiência bem enriquecedora.

    Responder
  2. CarolReis
    CarolReissays:

    Fantástico, Diana!
    CS é assim, sempre nos surpreendendo.. Já usei diversas vezes, mais para hospedar que para surfar. Mas estou prestes a surfar pela segunda vez na casa da mesma pessoa, com 6 anos de diferença, em Londres.

    Aqui no Brasil, hospedei pessoas incríveis e tive experiências muito bacanas hospedando a Claudia, o Jay, a Juliana, a Lucía e seus amigos uruguaios… Terminou com malabarismo e arte circense em uma creche da periferia, ou com uma tarde de flauta na praça, ou simplesmente uma conversa sobre o ser humano pela madrugada.

    Quando vieres à Belo Horizonte, o sofá está aí!

    Abraço!

    Responder
    • Diana
      Dianasays:

      Obrigada Carol pela partilha da experiência 🙂 do meu lado as experiências foram muito semelhantes… Em Munique terminámos a noite a subir a um teatro de madrugada! o CS tem um potencial enorme 🙂 !!

      Responder

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