Nao gostam de historias de terror? Entao este post nao e para voces. Depois de um dia com boa comida e jazz, no segundo dia em Nova Orleaes mergulhamos na cultura do Louisiana. Tratamos o mundo oculto do Voodoo por tu e descobrimos os amigos mais improvaveis (e gulosos) nos pantanos do Bayou do Mississipi.

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Cultura Crioula e Religiao Voodoo em Nova Orleaes

Apesar de muitos associarem o Voodoo a bonecas onde se espetam alfinetes, a religiao e muito mais do que isso e e uma peca fundamental na tradicao e historia do Louisiana e Nova Orleaes.

No seculo XVIII, quando o Louisiana era ainda uma colonia francesa, milhares de escravos vinham de Africa mas, ao contrario de outras regioes americanas, aqui as familias eram mantidas unidas e a cultura africana pôde sobreviver geracao apos geracao… Tinham sido lancadas as raizes para o que e Nova Orleaes hoje: uma cultura propria, incomparavel a qualquer outra coisa que exista nos Estados Unidos.

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Com a vinda de refugiados e escravos haitianos para Nova Orleaes no seculo XIX, a religiao Voodoo comecou a sedimentar-se. Criou-se uma comunidade crioula com identidade propria, com tradicoes e costumes, uma gastronomia e, claro, uma religiao.

O Voodoo junta crencas e elementos africanos (como amuletos, pocoes e feiticos) e catolicos (os espiritos africanos passaram a ter nomes de santos catolicos). Os lideres espirituais sao as Rainhas ou Reis Voodoo, que prestam aconselhamento aos crentes, prescrevendo amuletos, pocoes ou feiticos, e ajudando em questoes financeiras, amorosas, de saude, etc. E sao eles que conduzem os rituais, expoente maximo da religiao.

Neles, os crentes reunem-se, dancam e cantam, a espera que um espirito possua um membro, para o qual tem a espera um banquete. Quando o espirito se incorpora no corpo de alguem, da conselhos aos que rodeiam, faz revelacoes e pode fazer previsoes para o futuro.

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Cabeca de crocodilo. O melhor amuleto para a vossa casa.

Exploramos tudo isto numa Voodoo Tour (esta, que por sinal e gratuita), que comecou no Parque Louis Armstrong. Foi precisamente aqui, ha mais de 200 anos, que a cultura crioula comecou a florescer. Estas terras eram um descampado fora das muralhas de Nova Orleaes (onde termina o French Quarter, na Rampart Street), e era aqui que os escravos se reuniam no unico dia de folga. Tinham o seu proprio mercado, entretenimento e, claro, conduziam os seus rituais, longe dos olhos dos capatazes e dos brancos.

Por esta altura, as mulheres africanas ou crioulas tinham mais poder que os homens da mesma etnia e eram muitas vezes elas as lideres espirituais. A Rainha Voodoo mais popular de todos os tempos e Marie Laveau (que foi retratada na serie American Horror Story).

Existem muitos mitos a volta dela. Conta a historia que ela comecou por ser cabeleireira da elite de Nova Orleaes, onde se aproveitou de todos os mexericos que pôde para ganhar influencia. Era respeitada e consultada por pessoas de todos os estratos sociais, presidindo a rituais e prescrevendo pocoes e amuletos.

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A enigmatica Marie Laveau

Tornou-se tao poderosa que, quando faleceu, passou a identidade para a filha de mesmo nome, e todos acreditaram que Marie Laveau se mantinha eternamente jovem… A filha haveria de juntar 12.000 pessoas para um ritual na noite de S. Joao, junto ao Lago Portchartrain. Isto em 1874.

Na Voodoo Tour pelo French Quarter, passamos por uma casa que pertenceu a familia Laveau. Se ficaram curiosos, passem tambem pelo cemiterio St. Louis 1, onde esta a cripta da Rainha Voodoo.

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A descoberta do oculto nao podia terminar sem a visita de uma Voodoo Shop. Nestas lojas que proliferam pela cidade, podem comprar todo o tipo de amuletos, incenso, pocoes e, claro, bonecas de alfinetes! Entrem, nem que seja para espreitar os pequenos templos feitos para os divindades Voodoo. E se quiserem prestar homenagem, deixem um pequeno objecto pessoal vosso. Segundo nos constou, Marie Laveau, como era cabeleireira, gosta de elasticos e ganchos…

Gastronomia em Nova Orleaes: Parte 2

Ja tinhamos comido bem no primeiro dia em Nova Orleaes. No segundo dia, voltamos a repetir a dose.

No French Quarter, fica a Central Grocery, com as sandes mais gulosas e colestroicas que ha memoria. Tanto, que ate foi preciso inventar um adjetivo. Fundada em 1906 por um siciliano, o supermercado esta cheio de artigos vintage italianos a venda, como baldes molho de tomate, azeite e diferentes tipos de pasta. E precioso.

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Mas as pessoas que entram na loja nao vem comprar os ingredientes. Vem sentar-se na bancada e comer a sandes, que e chamada de Muffuletta. Com diversos tipos de enchidos, queijo e uma especie de pasta de azeitona, este tipo de sandes foi criada por imigrantes italianos e tornou-se uma especialidade de Nova Orleaes. E a Central Grocery e o supra-sumo da batata. Espreitem este video para mais informacao.

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Ja estao a sentir o colesterol alto? Esperem, que vem ai os diabetes.

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O praline de Nova Orleaes e o doce oficial da cidade. E eu nao me podia limitar a provar. Eu tinha de saber como aquilo era feito… Bem diferentes dos pralines belgas e dos franceses, estes sao bem mais gulosos, com muita manteiga e nozes tostadas.

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E nos vimos exatamente como tudo e feito na Southern Candymakers, no French Quarter. Uma loja onde entramos por acaso, mas nao podia ter calhado melhor.

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Finalmente, onde nao fomos por acaso nenhum foi ao Cafe du Monde. Um dos pontos mais turisticos da cidade, havia dezenas de pessoas na fila, que chegavam as ruas. Mas rapidamente descobrimos que a fila andava depressa. E o porque dos magotes de pessoas.

Frances de gema, este cafe de ar colonial foi fundado em 1862. O que significa que as Marie Laveau – mae e filha – provavelmente vinham aqui tomar o seu pequeno-almoco antes de irem exorcizar demonios. So por isso, vale a pena visitar o cafe que esta aberto 24 horas por dia, 7 dias por semana.

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Mas nao e isso que atrai as ordes de gente. E a comida. Claro.

Os beignets foram trazidos pelos imigrantes da Acadia, descendentes dos franceses na regiao que pertence agora ao Canada. Nao gostaram do frio e das hostilidades britanicas, e rumaram ao Louisiana, em meados do seculo XVIII. E trouxeram com eles uma especie de mini-fartura, servida quentinha e com acucar em po.

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Um conselho desta vossa amiga: pecam logo 6 que isto e um fenomeno a la Pasteis de Belem. Depois agradecam.

Entre guaxinins e crocodilos nos pantanos do Louisiana

Pela tarde, e hora de desmoer. A uma hora do centro da cidade, visitamos os pantanos do Louisiana e conhecemos uma ruralidade rio adentro. Muitos vivem do que o rio oferece. Ha casas so com saida por agua, equipadas com um barco a porta.

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A maioria sao pos-Katrina e, o que nos da uma pequena ideia da desolacao que o furacao criou – nao so pela destruicao imediata de todas as posses de uma familia (por si so, uma catastrofe), mas tambem pela desestabilizacao completa da fauna e flora, que pôs em causa o meio de sustento durante semanas, meses… anos (?). Imaginem: perder a vossa casa, o vosso transporte e o vosso emprego num so dia.

Talvez Nova Orleaes (ainda) nao tenha recuperado. Fora do French Quarter e do extase turistico, e uma cidade pobre, violenta, suja e algo traumatizada. Ha pessoas que cheiram demasiado a alcool, ha pessoas com disturbios nas ruas. E nao sei quanto de tudo isto e uma cicatriz da pancada brutal que a cidade sofreu. Nao sei. Mas quem viveu na pele aquilo que eu vi na televisao ha 10 anos, nao pode ter esquecido. Eu nao esqueci.

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Mas a natureza continuou o seu curso, como se nada tivesse acontecido. E o local certo para observa-la e num Bayou, nome dado ao tipo de arroios do Mississipi com aguas quase paradas, baixa profundidade e que se espalham como pantanos por largas areas.

Um ex-militar recebeu-nos no seu barco e levou-nos pelos pantanos a conhecer toda a beleza em torno do rio Mississipi. E encontramos crocodilos semi-amestrados. Sao chamados pelo nome (‘Gator’ – diminutivo de Aligator) e saltam para apanhar marshmallows. So lhes falta bater palminhas.

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O nosso ultimo amigo do dia foi o guaxinim. Apesar da aparencia fofinha, este peludo nao esta para brincadeiras. Sao perigosos, cheios de doencas simpaticas, e nao se deixam encantar por doces. Safados.

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Gostaram do dia na cidade? Leiam aqui o Primeiro dia em Nova Orleaes. Leiam tambem o Roteiro de 1 mes nos Estados Unidos. Entretanto, novidades fresquinhas, sempre aqui.

Chamo-me Diana.Gosto de ler, gosto de escrever e tenho ganho o gosto de viajar. Decidi juntar as historias acumuladas neste espaco e chamei-lhe Contramapa. Porque nas contracapas dos meus livros existe sempre um mapa, um sitio onde ir, um local a descobrir. Aqui podem conhecer as minhas historias e viagens em livro aberto.

4replies
    • Diana
      Dianasays:

      E e! Entao aqueles da Southerncandymakers, acabadinhos de fazer… ui! Do que vi, nenhum dos sites mais conhecidos envia para a Europa, quanto mais para Portugal. ���
      Se quiseres mesmo experimentar, podes enviar um e-mail para os Southerncandymakers ou para o Praline Connection (restaurante onde jantei no primeiro dia que tambem tem fabrico proprio destes doces). Podem fazer uma atencao e enviar os Pralines a cobranca. Nao vai e ficar nada barato! So uma caixinha de 10 e mais de $20, e a isso tens de somar o transporte.

      um beijinho ���

      Responder

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