Depois da metropole bem organizada e limpinha que e Chicago (podem ver aqui os posts), fomos diretos para o espirito sulista de Nova Orleaes uma cidade relativamente pequena com cerca de 350 mil habitantes. E foi o choque. Em pleno Agosto, Nova Orleaes pareceu-nos uma cidade suja, pobre, abafada e de uma humidade sufocante.

Mas recuperamos o animo e nao nos deixamos amedrontar pelo aspecto afavelado dos arredores da cidade. Seguimos para o nosso hostel, para guardar as malas e descansar umas horas… O India House Backpackers Hostel, recuperado a partir de uma casa de madeira de estilo crioulo, com servico de pequeno almoco e piscina no quintal. O espaco parecia ser ideal. So que nao.

O pequeno almoco foi-nos confecionado a nossa frente numa frigideira que se desintegrava aos poucos. Estavamos com fome, aceitamos a possibilidade de apanhar tetano, devoramos os ovos mexidos e as torradas e fomos dormir uma sesta. O nosso quarto tinha sido pintado de fresco e parecia por estrear, mas tivemos logo um mau agoiro. “Desculpem la estar tao limpinho, nos gostamos de ter as coisas mais sujas”, diz-nos o empregado da recepcao.

Oi?!

Quando acordamos, descobrimos que tinha chovido de uma forma louca (ola clima tropical!), e que todo o chao do nosso quarto era uma gigante poca. Ora, como a nossa unica mobilia no quarto era a cama (minimalismo ao extremo?!), as malas ficaram no chao e, claro, ensopadas.

Depois desta recepcao pouca amistosa que Nova Orleaes teve para nos, saimos de casa, apanhamos o cable car e fomos descobrir o French Quarter e o Marigny. E finamente pudemos comecar a apreciar a cidade!

nova orleaes viagem

Gastronomia em Nova Orleaes

Antes de irmos descobrir a noite em Nova Orleaes (sim, porque dormimos durante grande parte do dia), fomos abastecer. A gastronomia em Nova Orleaes e uma das mais ricas dos Estados Unidos.

A cidade tem uma verdadeira cultura crioula de influencia africana e caribenha que nao se encontra noutra parte do pais e a comida e uma parte muito importante dessa cultura. Fortes condimentos, marisco, frango, ostras sao alguns dos ingredientes tipicos da cozinha cajun, como e apelidada a gastronomia do Louisiana.

Nos fomos ao Praline Connection, um restaurante com mais de 20 anos especializado na cozinha cajun. Para sobremesa, foi um pudim de pao e um dos doces tipicos da zona, que se encontram em todo o lado: o praline, feito no proprio restaurante.

nova orleaes viagem 1nova orleaes viagemnova orleaes viagem 2nova orleaes viagem

French Quarter: o bairro mais antigo e popular

Entretanto, ja tinha escurecido e era tempo de ir conhecer a noite de Nova Orleaes.

O French Quarter, como o nome indica, e o antigo bairro frances, onde Nova Orleaes se situava aquando da epoca colonial, quando a cidade pertencia a Franca. E, portanto, o bairro mais antigo da cidade e a maioria dos edificios de estilo colonial data do final do seculo XVIII, altura em que a cidade foi alvo de um grande fogo e teve de ser reconstruida, sendo que na altura ja era uma colonia espanhola.

E uma zona antiga e bem preservada, onde ainda podemos imaginar os colonos a passearem-se junto ao rio Mississipi, especialmente porque foi tambem uma das zonas menos afectadas pelo furacao Katrina, em 2005.

nova orleaes viagem 9

Hoje, o French Quarter e a zona mais turistica da cidade, cheia de lojas de souvenirs, aderecos, restaurantes e animacao nocturna, em volta da Jackson Square, da St. Louis Cathedral e do Preservation Hall. A Bourbon Street enche-se a noite de gente a beber nas ruas e os bares abrem as portas para que a musica seja ouvida la fora. E uma euforia ebria ao som de Rhianna e Beyonce. Como um pequeno reduto libertino no meio do sul conservador dos Estados Unidos!

nova orleaes viagem

A musica de Nova Orleaes e o bairro mais cool

Nova Orleaes e o berco da musica jazz. Com uma forte cultura musical, o jazz comecou por aparecer na cidade no virar do seculo XX, com a influencia crioula afro-americana e cubana. Alias, consta que, ainda no seculo XIX, os musicos de Nova Orleaes apanhavam o ferry para Havana para dar concertos em Cuba, e vice-versa. E foi neste intercambio cultural que o jazz se tornou popular, influenciado tambem pelo ragtime de Nova Orleaes.

Foi a partir das bandas de jazz de Nova Orleaes do inicio do seculo XX que o estilo musical – apelidado tambem de Dixieland – chegou a cidades como Chicago e Nova Iorque e se tornou mundialmente famoso. Existem muitos musicos desta altura, sendo o mais famoso Louis Armstrong, nascido e criado em Nova Orleaes.

Mais tarde, a cidade voltaria a dar cartas na musica, especialmente sob a influencia de outro local: Fats Domino. Este musico foi um dos fundadores do Rhythm and Blues e teve tambem uma grande influencia nas origens do Rock’n’Roll.

Ora, este espirito de jazz, Rhythm and Blues e improviso ainda sobrevive no bairro Marigny, mesmo ao lado do French Quarter. E especialmente na Frenchman Street. Aqui, os bares sao intimistas e ha musica a ser tocada ao vivo na maioria deles. Com direito a saxofone e trompete.

O Spotted Cat foi o meu preferido. Nao ha cobranca de entrada no bar (pelo menos ate determinada hora) e cada um paga aos musicos aquilo que entender. Nao esta cheio de turistas, as bebidas sao relativamente baratas e ate ficamos amigos da banda, que fica na plateia depois do concerto a beber um copo. Neste caso, foi a Panorama Jazz Band. Nao podia ter corrido melhor!

nova orleaes viagem 7

Enjoy yourself! It’s later than you think!

Antes de voltarmos ao hostel fomos ainda ao Frenchmen Art Market, que fica ao lado dos bares e esta aberto ate a 1h da manha de quinta a segunda-feira. E era so coisas giras para estoirar dinheiro. Desde bijuteria, roupa vintage a candeeiros originais e pequenos quadros.

nova orleaes viagem

nova orleaes viagem

O dia comecou tremido, mas a verdade e que, a pouco e pouco, a cidade conquistou-nos. Principalmente pela musica e pela comida. E, claro, pela boa onde… E ainda iamos ter mais 2 dias em Nova Orleaes!

Vejam o Roteiro de 1 mes nos Estados Unidos. Vejam tambem os posts de Boston, os posts de Nova Iorque, os posts de Washington DC e os posts de Chicago. Se gostaram deste post, acompanhem o Contramapa no Facebook.

Chamo-me Diana.Gosto de ler, gosto de escrever e tenho ganho o gosto de viajar. Decidi juntar as historias acumuladas neste espaco e chamei-lhe Contramapa. Porque nas contracapas dos meus livros existe sempre um mapa, um sitio onde ir, um local a descobrir. Aqui podem conhecer as minhas historias e viagens em livro aberto.

1reply

Leave a Reply

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe uma resposta

O seu endereco de email nao sera publicado.