Depois de um pequeno-almoco americano com tudo a que tinhamos direito – panquecas, melaco, ovos mexidos, bacon e torradas – fomos a praia. Sim, comecamos o segundo dia em Chicago na praia. Porque Chicago tem uma praia.
Dentro de uma cidade gigante e interessante, existe uma praia artificial, que da para o lago Michigan. A agua estava gelada, mas limpida e de uma pureza inacreditavel. Transparente, transparente.
O Lago Michigan: Um dos Great Lakes norte-americanos
Mais tarde vim a descobrir que o lago Michigan, com uma area de 58.000km2 (!!!), mata a sede a milhoes de norte-americanos, especialmente aos habitantes de Chicago. Faz parte dos Grande Lagos (Great Lakes) norte-americanos que, juntos, concentram 21% da agua potavel do mundo a superficie (!!!) e sao o maior grupo de lagos da Terra. Sao eles, alem do lago Michigan, o lago Superior, Huron, Erie e Ontario. Ocupam, no total, 244.106km2 (!!!).
Em 2008, foi assinado um acordo – o Great Lake Compact – para a gestao da agua potavel e do abastecimento que advem destes lagos, mostrando uma preocupacao com a preservacao ambiental dos mesmos. Mas nem sempre foi assim.
Com o crescimento da cidade industrial que e Chicago, rapidamente a poluicao chegou ao rio Chicago, um dos rios principais da area dos Grandes Lagos. O rio tornou-se muito sujo e um elemento de propagacao de doencas. Mas, finalmente, no final do seculo XIX, tomou-se uma decisao para solucionar o problema de vez: inverter o curso do rio Chicago, que, na altura, desaguava no Lago Michigan.
Esta obra megalomana obrigou a construcao de varios canais ao longo dos anos para drenar a agua e demorou mais de 30 anos a ser concluida. Mas em 1892 conseguiu-se a inversao permanente do rio Chicago que hoje, sai do lago Michigan, passa pela cidade de Chicago, pelos canais construidos e desagua no rio Des Plaines, um afluente do rio Mississipi. Impôs-se, assim, o homem a natureza…
Alem da praia de areia branca, existe um passeio pedonal que percorre o lago, onde se podem ver transeuntes a andar de bicicleta, patins, a correr, ou simplesmente a apanhar sol junto ao lago (nos poucos dias do ano em que a meteorologia o permite).
Chicago: o grande incendio de 1871 e o renascer das cinzas
Depois de fazermos toda esta zona pedonal e passarmos pelos parques, fomos a um passeio de barco no rio, numa “tour arquitetonica”. E a beleza da cidade continua rio dentro. Toda a zona ribeirinha de Chicago esta a ser requalificada com a construcao de um passeio pedonal. E, se olharmos para os ceus, encontramos uma maior beleza, com uma vista ampla para os arranha-ceus da cidade. Passamos, por exemplo, pelo edificio do TRUMP (um dos muitos que vimos ao longo da viagem), pela Chicago Tribune, pelo Lake Point Tower, entre outros.
Chicago e conhecida como a cidade da arquitetura. E so podia ser assim. Junto a zona ribeirinha, encontram-se alguns dos edificios modernos mais belos do mundo (segundo muitos), rodeados de parques publicos e espacos verdes.
Toda esta organizacao e planeamento so foi possivel porque na segunda metade do seculo XIX, as chamas deitaram abaixo grande parte do centro da cidade e tudo teve de ser reconstruido.
Num belo dia, o fogo deflagrou e parece que tudo ajudou ao alastrar das chamas: os passeios eram feitos de madeira, tal como dois tercos dos edificios; a regiao sofria de uma grande seca ha meses; e a zona de Michigan e muito ventosa, o que ajudou a propagacao do fogo. Para piorar a situacao, os bombeiros foram chamados ao local errado, o que deu mais tempo para o fogo se alastrar.
O fogo so haveria de ser extinto dois dias depois, apos a morte de 300 pessoas, a destruicao do lar de 100.000 (um terco da populacao) e de 17.500 edificios. Foi um dos maiores fogo dos Estados Unidos no seculo XIX, mas Chicago soube renascer das cinzas…
A reconstrucao da cidade comecou imediatamente, mas sob um nova regra, que viria a ditar o desenvolvimento da cidade. Os materiais para os novos edificios teriam de ser a prova de fogo, o que tornou a construcao cara e apenas para uma elite. Os pequenos comerciantes e as familias menos abastadas foram obrigadas a sair do centro, deixando esta parte da cidade para quem pudesse investir.
E, assim, surgiram os primeiros edificios da era moderna de Chicago. Em 1883, foi inaugurado o Montauk Building (demolido em 1902), com a primeira estrutura completamente em aco. Em 1885 foi construido o Home Insurance Building (demolido em 1931), com uma estrutura parcialmente em aco e considerado o primeiro arranha-ceus do mundo, com uns modestos 42 metros de altura. Em 1890, surge o Reliance Building, o primeiro dos arranha-ceus com paineis de vidro, muito a semelhanca dos edificios que existem hoje. Este ultimo sobreviveu e e hoje um hotel.
Apesar de muitos dos edificios do final do seculo XIX ja nao existirem, o mote estava lancado. Chicago tornou-se uma cidade de arranha-ceus e de edificios modernos. Uma cidade tambem de espacos abertos e inovadores, como o Millennium Park, sobre o qual falei no ultimo post.
Foi tambem sob este topico que saimos da nossa “tour arquitectonica” e fomos visitar a Willis Tower (ou Sears Tower), hoje o edificio mais alto de Chicago. Com 442 metros, foi o mais alto do mundo durante 25 anos (titulo que perdeu em 1998). A vista, como nao podia deixar de ser, e extraordinaria.
O melhor de tudo e a plataforma em vidro, onde podemos observar (e sentir!) o vazio de quase 500 metros que temos abaixo de nos!
Claro esta, tive um mini-ataque de panico e nao tenho uma fotografia decente que prove o acontecimento. Fiquem-se com os pes do Z.
Os Blues de Chicago
Depois desta tarde de Arquitectura para Totos, fomos descontrair com os blues… os blues de Chicago.
Durante a Grande Depressao dos anos 30, houve uma grande onda de migracao, que levou muitos afro-americanos a mudarem-se das cidades do sul (como Nova Orleaes), para as cidades industriais do norte, como Chicago. Entre outras consequencias, estas migracoes tiveram um impacto na musica… e foi assim que surgiu o Chicago Blues.
Primeiro, era tocado no mercado de Maxwell Street (onde os concertos ao ar livre duraram ate 2000!). Depois, o estilo popularizou-se e muitos bares passaram a ter musicos de blues. O Chicago Blues acabou por ser um estilo muito influente, estando na origem do proprio rock! Musicos como Muddy Waters, Willie Dixon e, claro Buddy Guy tornaram-se muito famosos.
E foi precisamente ao bar do Buddy Guy – um dos grandes guitarristas de sempre – que nos fomos na nossa ultima noite em Chicago! No Buddy Guy’s Legends vive-se os blues a antiga e, depois de um copo, as pessoas levantam-se para dancar a seria. Ha musica ao vivo todos os dias e as refeicoes sao inspiradas na comida crioula do sudeste dos Estados Unidos.
Alem do calor dos blues, aqui conhecemos a verdadeira hospitalidade americana. Sentamo-nos ao lado de duas senhoras durante o espectaculo e, no final, elas decidiram pagar-nos a conta sem nos dizerem nada. Quando nos descobrimos, levantaram-se e fizeram questao de nos abracar e dar as boas-vindas a America…
E assim foi a visita a Chicago. Arte. Baseball. Sol, calor e muito pouco vento. Arquitetura espectacular e musica melhor ainda. Tudo, com a melhor hospitalidade com que podiamos ter sonhado (e nem falei do nosso anfitriao do Coachsurfing, que foi 5 estrelas)!
Saibam como foi o Primeiro dia em Chicago e conhecam o Roteiro de 1 mes nos EUA.
Obrigado por compartilhar estas viagens maravilhosas, Di.
Seus roteiros sempre sao fantasticos.
Um super beijo pra voce,
Alex
Obrigada Alex ���
likes!
Como amo essas viagens, consegue nos levar juntos com essas imagens incriveis e com um ponto de vista bem diferente do que vemos em outros relatos! Bjs
obrigada Louise pela visita e pelas palavras ���
Fantastic postagem novamente.
Obrigada!
Pronto agora tenho de voltar e fazer uma viagem mais focada em cidades, nao e? ���
Siiim! ���