Isto de certeza que foi karma. Uma pessoa escreve um post todo bonito e informativo acerca dos direitos dos passageiros aéreos e pumbas. Logo na próxima oportunidade, é apanhada no pior voo.
Ora muito bem. Feitas as malas para 1 mês nos EUA, apanhámos boleia e chegámos ao aeroporto pelas 14h, já meio atrasados para o check-in da SATA Airlines, que eu já tinha falado a propósito dos encaminhamentos inter-ilhas nos Açores. Eu e o Z. fomos os penúltimos passageiros a chegar aos balcões da SATA, e já estávamos um bocado stressados. Entretanto descobri que a minha mochila estava obesa demais para ir comigo na cabine, e tive de fazer uma operação emagrecimento furacão, que é como quem diz puxar todos os cordelinhos e amassar bem a coisa.
Corremos para a segurança, despejámos as embalagens de 100ml no tapete rolante, descalçámo-nos, voltámo-nos a calçar, a arrumar tudo, e fizemos um sprint para a porta de embarque. Ufa.
Mas qual não é o nosso espanto quando constatámos que o voo estava atrasado 1 hora. OK, suspirámos de alivio e matámos o tempo nas redes sociais, à boa maneira da era moderna. Mal sabíamos nós que o filme estava apenas a começar.
Esperámos 1 hora, 2 horas, 3 horas. E nada. Quando já estávamos há mais de 3 horas à espera, sem qualquer esclarecimento por parte da SATA (nem uma mísera mensagem das hospedeiras de terra), lá nos deram um voucher de 10 euros para comermos qualquer coisa e informaram-nos vagamente que já estávamos quase a embarcar.
Quase? QUASE? Quantos segundos, minutos, horas, dias é que isso é? É que eu pensava que a aviação era uma indústria moderna e que Portugal ainda não era a República das Bananas para que “quase” se tornasse uma medida temporal aceitável… Enfim. E nem o ranhoso do voucher de 10 euros nos serviu, dado que mal cobria a entrada de uma refeição e tivemos de pôr dinheiro do nosso bolso.
Comemos, voltámos a esperar e, entretanto, já tínhamos mudado de porta de embarque duas vezes num formigueiro de pessoas e malas (mandaram-nos para um cantinho bem refundido do aeroporto, para que pouca gente reparasse na encrenca). Depois do “quase”, continuaram a dizer-nos muito pouco ou nada acerca do que se passava ou da hora de embarque.
Quando o atrasado já ultrapassava as 4 horas, sem nenhum tipo de informação clara ou explicação, lá se resolveram. O altifalante comunicou-nos que a hora de embarque seria pelas 22h00, 7 horas depois da hora inicial prevista para a nossa descolagem. Nada mais.
Acham que deram uma justificação decente aos passageiros? Acham que se disponibilizaram para nos compensarem de alguma forma? Ofereceram algum tipo de opção? Zero. Levantei-me para reclamar junto deles porque, com este atrasado, tínhamos perdido a reserva no nosso alojamento, o Liberty Ship em Boston, e tivemos de marcar outro à pressa e bem mais caro (o Liberty Ship é um cruzeiro durante o dia e à noite tem camaratas a baixo preço, ficando atracado no porto de Boston. Seria a nossa entrada ideal nos EUA, a la colonialista do século XVII).
Mas nada. Continuaram sem se responsabilizar por qualquer alojamento ou transporte. E nem informaram os passageiros dos seus direitos nem como podiam reclamar, mesmo depois das minhas perguntas. A única coisa que disponibilizaram foi um papel de justificação do atraso para entregar a empregadores.
No meio disto tudo, foi tão ridículo o atraso (que, quer queiramos, quer não, acontece sempre de vez em quando), como a completa falta de informação atempada.
7 horas é muito tempo.
Se a SATA soubesse informar os passageiros, eu poderia ter voltado para casa ou nunca ter chegado a sair. Poderia, em vez de estar horas na porta de embarque à espera de qualquer tipo de informação, ter ido, sei lá, ver lojas, ir para um dos cafés ou tratar do câmbio de dólares. QUALQUER COISA menos estar ansiosa em frente a um balcão onde estava uma senhora vestida de azul mal maquilhada.
Mas acreditem que o terror não terminou quando chegaram as 22h00. Embarcámos, levantámos voo e passámos 7 horas num avião com o ar condicionado no máximo. Toda a gente de braços cruzados, em pele de galinha. Até eu, que tinha trazido uma manta e um casaco. E sabem quantas mantinhas da SATA tinham eles para disponibilizar aos passageiros? Umas 10. Para uns 300 passageiros. O que parece totalmente suficiente, não é?
Lá passei eu 7 horas gelada, sem conseguir dormir, e a rezar que os motores não estivessem nas mesmas condições que o banco esfarelado que tinha à minha frente, com a espuma toda de fora.
O único ponto positivo da viagem foi o facto de não me ter constipado, mas desconfio que isso nada teve a ver com a SATA (bons genes!). Ah, e claro, ter chegado a Boston, no início da minha viagem de 1 mês nos EUA. Isso também foi giro.
Vejam o roteiro da viagem completo.
Que mau! :X mas espero que o resto da viagem tenha compensado!
Olá 🙂
Sou dos Açores, estudo em Lisboa e durante dois anos tive a SATA como único meio de transporte entre “casas”.
O resultado? Horas sem fim de atrasos sem justificação e com parca compensação.
Não sei, contudo, se é bem um problema exclusivo da empresa.
Na Ryanair, os atrasos parecem-me menos recorrentes (em dois anos de voos frequentes, a SATA só não se atrasou em um, o que não é difícil superar), mas, quando os há, são de morrer.
Penso que as condições da SATA são melhores, mas pelo que conta, estão também a decair (?).
Neste estado, custa bastante estar a pagar para depois sofrer este tanto… só mesmo pelo amor à viagem.
Boa estada 🙂
Isabel, acho que tem decaído mesmo, e o último mês foi terrível. Tenho um amigo amigo que viajou o mês passado para S. Miguel, e teve uma atraso de 10 horas na ida, e outro na volta. Imaginas? E nem querem pagar indemnização! Comigo não sei como vai ser, mas até tive um marcar um hotel novo e ter mais custos… Vamos ver! Mas assim a SATA não se aguenta muito agora que tem concorrência da EasyJet e da Ryanair! Com estas duas às vezes também tenho atrasos, mas são coisa de meia-hora, 45 minutos… nada que se compare!
Enfim…Obrigada por teres passado por cá 🙂
Não sei se a Ryanair consegue “fazer frente” à SATA em determinados mercados.
A lowcost tem horários horríveis, preços absurdos para bagagem de porão e um processo demasiado complexo para a obtenção de fatura (que é necessária aos açorianos para obtenção do subsidio de mobilidade). Aliás, o excesso de peso é um crime: paguei mais 60€ por 6 quilos no volume de porão, numa bela manhã…
No final das contas, acho que continuo a voar com a SATA.
🙂
Beeeeem.. que aventura!
Podes crer!
Olá , te indiquei para responder uma TAG. Abraços !
Antigamente comentava-se (os mauzinhos) na brincadeira que SATA significava “Somos Atrasasos Também no Ar, ou “Sózinhos Atrapalhamos o Tráfego Aéreo”.
Pessoalmente, das poucas vezes que viajei com a SATA, nada tenho a apontar, tudo correcto, bom serviço, nada de atrasos. Mas como tudo na vida, a sorte ou azar estão sempre à espreita.
Saudações!
Sim, às vezes é uma questão de sorte. Também não foi a primeira vez que voei com a SATA e nunca me tinha acontecido nada parecido. Mas este acho que foi um mês negro para a SATA, houve montes de atrasos e o pior é a forma como a empresa responde a estes casos. Um amigo meu no mesmo mês teve um atraso de 10 horas nos dois voos (ida e volta), e depois de ele submeter a reclamação formal, a resposta foi uma oferta de 10% de desconto no próximo voo… É estar a gozar com uma pessoa!
Saudações e obrigada por passares por cá 🙂