No ultimo dia em Nova Orleaes, fomos para longe do French Quarter, onde ja tinhamos estado no primeiro e segundo dia.Apanhamos um cable car e fomos conhecer o Parque Audubon, que fica no outro lado da cidade.

Este e um sitio dedicado aos animais, com um jardim zoologico, um aquario e um jardim de borboletas e insectos. Depois de uma manha em que acordamos tarde, este foi o sitio ideal para acordar e ganhar apetite…

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Gastronomia em Nova Orleaes – Parte 3

Sim, comemos do bom e do melhor nos 3 dias em Nova Orleaes. No terceiro, fomos provar outro petisco pelo qual a cidade e conhecida: ostras. No Superior Sea Food & Oyster Bar, a especialidade sao as ostras recheadas e nao pudemos resistir.

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Provamos tambem duas belas Po Boys, a sandes tradicional de Nova Orleaes. Estas sandes comecaram a surgir no inicio do seculo XIX, quando alguem decidiu pôr camaroes ou ostras fritas entre duas fatias de pao. Hoje, os Po Boys podem tambem ser feitos com carnes.

E porque Po Boys? Dois antigos trabalhadores do cable car de Nova Orleaes despediram-se para se emanciparem e fundarem um restaurante. E durante uma greve dos trabalhadores do transporte publico – que durou meses – os donos deste restaurante nao se esqueceram dos antigos colegas e alimentaram-nos gratuitamente, chamando-lhes “rapazes pobres” (Poor Boys).

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As mansoes de Garden District

Depois deste almoco calamitoso, percorremos a Magazine Street e conhecemos um lado mais urbano da cidade, longe do French Quarter apinhado de turistas. Esta rua tem cerca de 10 km e atravessa a cidade, desde o Parque Audubon ate Canal Street, junto ao French Quarter.

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Fachada de uma loja de sapateiro na Magazine Street

O bairro que e atravessado por esta rua que visitamos foi o Garden District. E uma zona de vivendas gigantes com grandes jardins, de aspecto colonial. Mansoes tropicais que custam milhoes de euros e que datam, muitas delas, do seculo XIX, quer estejam num estilo mais colonial, ou num estilo vitoriano.

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Hoje, os donos destas casas sao ricos e, alguns deles, famosos. Com alguma pesquisa nao e dificil de encontrar as mansoes de Sandra Bullock, Nicolas Cage (que ate construiu um tumulo em piramide num dos cemiterios da cidade), Trent Reznor (quem imaginaria o vocalista dos Nine Inch Nails dono de um pitoresca casa colonial?), e, mais recentemente, houve rumores que a Beyonce e Jay Z adquiriram uma aqui uma antiga igreja presbiteriana transformada numa mansao. Que chique, nao e?

As casas de Garden District atraem tambem os realizadores de Hollywood e muitos filmes sao gravados aqui: The Curious Case of Benjamin Button e 12 Years Slaves sao dois dos mais recentes.

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Os mortos festejam-se

Ainda neste bairro, existe o Cemiterio Lafayette. Este cemiterio talvez nao pareca muito estranho a um europeu, mas destoa na paisagem norte-americana. Os tumulos sao elevados, feitos em pedra e existe um muro a volta do Cemiterio. Alem da inspiracao europeia, esta parede servia para evitar que os corpos saissem do cemiterio nas frequentes cheias e fossem flutuar pela cidade.

Os tumulos tem um aspecto abandonado e ha alguns abertos. Contam-nos que houve ate um guia que foi recentemente preso por ter tirado ossos de um tumulo aberto…

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E porque este desleixo? O espaco dos tumulos sao propriedade privada e, como o cemiterio e ja bastante antigo, existem varios espacos nao reclamados ou abandonados pelos familiares.

No passado, ser proprietario de um tumulo era um sinal de prestigio e havia, ate, tumulos comuns associados a uma determinada empresa para que os seus colaboradores pudessem descansar em paz. Era um beneficio da empresa (como hoje e por exemplo um seguro de saude) e encontramos provas disso: um tumulo publico com alguns nomes portugueses.

Contudo, hoje essa importancia foi se perdendo e muitos locais estao abandonados. E quem lhes da mais valor hoje sao os turistas e Hollywood. Devido ao aspecto antigo dos cemiterios de Nova Orleaes, muitos filmes acabam tambem por ser filmados aqui.

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Provavelmente, Easy Rider e o filme com cena mais mitica num cemiterio de Nova Orleaes. E a cena final de um filme que representa a contracultura norte-americana no final dos anos 60: um grupo de hippies vai em busca da America, em que o destino final e Nova Orleaes no Mardi Gras.

E o que tem o Carnaval, a musica e a contracultura a ver com os cemiterios?

Aqui, a morte e encarada de forma diferente. Aqui, quando alguem morre, ha musica. Melodias tristes durante o velorio e ate a chegada ao local do enterro. E melodias alegres e vibrantes quando o enterro termina e os familiares e amigos se despedem do defunto.

Esta tradicao foi evoluindo e hoje tratam-se de autenticas paradas, no chamado o jazz funeral. Esta tradicao de raizes africanas tem grande influencia da religiao voodoo, em que a morte e celebrada e os espiritos sao celebrados. E quando um musico de jazz ou artista da cidade morre, os festejos podem durar dias ou mesmo semanas.

Nao e ao acaso que Nova Orleaes e a cidade do Mardi Gras. A cidade norte-americana em que o Carnaval e mais celebrado. Celebrado em extase, com mascaras, paradas, musica e tudo o que tem direito. Num pais onde a tradicao e principalmente anglo-saxonica, o Mardi Gras floresceu com as suas raizes catolicas e francesas. E no fundo celebra a aproximacao da morte de Jesus…

E foram assim 3 dias na cidade mais diferente dos Estados Unidos. Um choque em relacao a Chicago, Nova York e Boston, onde tinhamos estado antes. Mas, pouco a pouco, habituamo-nos aos ritmos cajun, a influencia francesa, a gastronomia crioula. E fica mais dificil partir. Mas tinhamos a costa oeste a nossa espera…

Vejam o Roteiro de 1 mes nos Estados Unidos, o primeiro dia e o segundo dia em Nova Orleaes. Se gostaram, podem seguir o Contramapa no Facebook, Twitter e Instagram.

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Chamo-me Diana.Gosto de ler, gosto de escrever e tenho ganho o gosto de viajar. Decidi juntar as historias acumuladas neste espaco e chamei-lhe Contramapa. Porque nas contracapas dos meus livros existe sempre um mapa, um sitio onde ir, um local a descobrir. Aqui podem conhecer as minhas historias e viagens em livro aberto.

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